O Brasil

agitava o desejo de ter vida política, em regimen moderno? Entregarmo-nos à orientação do espírito francês,rendidos à qualidade sensível dos seus processos, e fomos, decididamente, caudatários das doutrinas que ali se propagavam, caudatários trôpegos, sem dúvida, mas exaltados e convencidos. Tivemos, ali, os nossos grandes mestres, com a vantagem de uma assimilação pronta, e as desvantagens de uma necessária distorção dos nossos julgamentos, sem maiores fundamentos em observação própria, produzindo-se, com isto, uma forçada deturpação da nossa história, pois que a orientávamos, e julgávamos dela, com um critério de empréstimo, já de si insuficiente, sem o influxo daquilo que é a nossa tradição efetiva. Grande parte dos conceitos em que consagramos heróis e feitos, são reflexos imediatos, modelagens passivas, de ideias francesas.

Contamos e escolhemos como eles próprios o fariam.

A última forma desse influxo foi na voz e no prestigio do positivismo. Quantos valores não se turbaram no apreciar da nossa história, pelos dogmas tirados secamente das doutrinas de Comte? Chega a ser monstruoso o como se impuseram, nas nossas apreciações, conceitos que, mesmo no mundo donde foram inferidos, nunca tiveram aplicação possível! No entanto, santificamos e consagramos os que fizeram o Brasil pelos julgamentos gerais de uma doutrina cujo criador era inteiramente alheio às condições da nossa formação, sem a possibilidade de ter um critério justo a esse respeito.

E assim, há um dia para a consagração de Tiradentes, e a queda da Bastilha, e a descida de Pedro Álvares na ilha da Coroa, e não há sugestões, sequer, para que os brasileiros pensem patrioticamente na gente que já era o Brasil, e que lhe deu, na primeira massa da população, tudo que de bem tinha em si, toda