O Brasil

a sua experiência da terra, até o alimento corrente„ e que é o nosso alimento nacional até hoje. O positivismo não conhecia o índio; nada sabia do quanto ele serviu para a nação que aqui se fez, e, por isso, não temos consagração oficial da raça que, se parece desaparecida quase toda, é que foi absorvida nas gentes brasileiras, que bem se caracterizam nessa caboclada persistente dos nossos campos.

O positivismo, no mesmo desembaraço com que prendeu o "progresso à ordem", distribuiu as raças em "afetivas" e "não afetivas", para acabar organizando as sociedades em teocracia sem Deus...

Não havia lugar para o caboclo, muitas vezes indiferente ao progresso, quando a ordem lhe desagrada, e inteiramente alheio a hierarquias, com ou sem Deus.

Vai passando o positivismo; já não é um influxo, quase. Mas, outros motivos externos de deturpação sobrevirão, e, se queremos alcançar um desenvolvimento legítimo, natural, no aproveitamento das energias que nos são próprias, temos que depurar a nossa tradição, expurgando, bem explicitamente, a nossa história de todos esses influxos deturpadores, incoerentes, por isso mesmo que são estranhos, às vezes, hostis, até, ao nosso passado. Todos esses motivos, e outros que são próprios às nossas condições nacionais, fazem da história do Brasil um forçado enleio de sequências disparates, num todo confuso, desinteressante, nada estimulante e inspirador. Ora, é bem certo que mais facilmente se chega à verdade pelo erro do que pela confusão.

A primeira necessidade, pois, está em dar lógica às derivações de efeitos históricos ao longo do nosso passado, e, para isto reconhecer as causas de turbação no critério histórico, assinalar as mesmas deturpações, e acentuar a realidade do caráter brasileiro como resultado efetivo e necessário dos antecedentes, isto é, da nossa formação histórica.