Tanto quanto o repitam, nunca será demais proclamá-lo: a conquista definitiva da civilização definiu-se no sedentarismo agrícola.
Por que? Porque assim teve o homem todos os recursos para apurar a si e a natureza, e, sobretudo, porque, só então, foi possível a legítima expansão patriótica. Ninguém pretenderá negar que o Homem seja essencialmente social, um animal político. Mas outra verdade indiscutível é a de que a socialização humana se realiza concretamente, em grupos nacionais, levados por motivos patrióticos. Assim como dentro de cada sociedade nacional, existem, por necessidades indeclináveis, os grupos — classes, corporações, círculos, institutos... — também, na humanidade, se particularizam as tradições histórico-políticas, e o viver social se faz, imediatamente, como o viver de agremiações históricas — as nações.
De outro modo, seria preciso que as consciências não se reconhecessem na sua unidade de motivos pessoais,seria preciso que as necessidades comuns não fossem compreendidas como interesses gerais, referidas às condições especiais do agrupamento. Acontecerá que, dentro da mesma paisagem tradicional, se encontrem classes distintas, em luta: não negará, com isto, a realidade das afirmações patrióticas, e toda divergência se reduzirá a disputarem-se, as classes opostas, a situação política dentro da pátria.
Há, já o notamos, poderosos elementos egoístas no patriotismo, mas isto não o rebaixa, nem o incompatibiliza com os motivos essencialmente sociais, e de significação grandemente moral. Só nos animais ganglionares (insetos sociais), exclusivamente instintivos, de socialização somato-fisiológica, só em tais seres, seria impossível que o egoísmo interviesse em efeitos socializantes. No Homem, pela sua mesma compleição nervosa, dada a riqueza cerebral para repetidas iniciativas, a vida moral e social há de ser, sempre, um qual compromisso