O Brasil

ou ponderação de egoísmo e simpatia (altruísmo), em todos os lances que dizem com a família, e a corporação profissional, e os motivos nacionais, e os interesses de classe, e os ideais de humanidade. A idéa de que há formal oposição ou antagonismo entre indivíduo e sociedade é puro preconceito, sem mais valor que o de dar um tema às serôdias dissertações do bacharelismo em ostentação de sociologia. Pelo contrário, esses aspectos completam-se, em vez de repelirem-se: indivíduo e sociedade, egoísmo e simpatia, organização e revolução... combinam-se na realização da vida social, como em cada personalidade se combinam hábito e iniciativa, conservação e reforma, consciente e inconsciente, aspiração de repouso e horror à monotonia, disciplina e exigências de liberdade... Ideal de exclusiva humanidade será quimera, mas uma Humanidade realizada no ajuste sincero das pátrias com a eliminação ou unificação das classes, é conquista possível, próxima, talvez, quando os grupos nacionais houverem compreendido o não valor dos dissídios que enfraquecem as pátrias, em vez de engrandecê-las; quando os verdadeiros educadores sentirem a monstruosidade das organizações sociais feitas no predomínio de uma classe sobre as outras, e na exploração destas por aquela.



NACIONALISMO — NECESSIDADE PARA O PATRIOTISMO



Reconhecido que não pode haver realização social sem o agrupamento nacional, nutrido de patriotismo, temos de admitir a legitimidade, a necessidade, mesmo, do nacionalismo. Corresponde ao que há de egoísmo no patriotismo, e manifesta-se, explicitamente, como sensibilidade de orgulho, mote em que se repetem as exigências do sentimento patriótico.