O Conselheiro Francisco José Furtado: biografia e estudo de história política contemporânea

do Argos Olindense, tendo por companheiros alguns amigos estudiosos e de ânimo forte tanto para denunciarem abusos dos lentes, como da fatal política que sufocava a heroica província de Pernambuco, então açoitada pela baixeza, pela adulação e excessos de toda casta. Era porém desigual a luta entre estudantes e lentes, e para não cortarem a carreira que tinham preferido, Furtado e colegas mais comprometidos foram obrigados a emigrar para a academia de São Paulo. Desapareceu então o Argos Olindense, que pouco mais viveu do que a vida de uma rosa, deixando rastro luminoso, que se perpetuou enquanto permaneceu em Olinda a Academia.

XI. — Impressionado pela revolta de 1831, e viva ainda a dor profunda pelo assassinato do padrasto sempre carinhoso, voltou o Dr. Furtado a Caxias, quando outra rebelião, a Balaiada, que reduziu à miséria o interior do Maranhão e parte do Piauí, sua província natal esta e aquela adotiva, não estava ainda completamente debelada.

Caxias — domicílio de sua família — havia sido saqueada!

Os liberais — foragidos, perseguidos ou assassinados desde 1837 — eram então caluniados como fautores dessa rebelião depredadora e sanguinolenta, que não poupava-lhes a vida nem os haveres!

Entregue à advocacia ao chegar à Caxias, foi em novembro de 1840 nomeado juiz municipal, e exerceu a perigosa judicatura de direito até 1841, quando raro atreviam-se a aparecer os mais importantes homens do partido liberal, que com razão temiam pela vida. E tanto tino, retidão e atividade desenvolveu o Dr. Furtado, que Caxias, até então grande valhacouto ainda de malfeitores impunes, celebrada tristemente pelos

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