O Conselheiro Francisco José Furtado: biografia e estudo de história política contemporânea

XVIII. — Oito meses não decorriam ainda depois da ascensão do monarca, diz o conselheiro Torres Homem,(*) Nota do Autor e já o governo do partido que o efetuara achava-se derribado, proscrito sem causa honesta e legítima, não obstante a expressão verdadeiramente nacional com que em seu favor acabavam de pronunciar-se as urnas eleitorais consultadas em todo Brasil.(14) Nota do Leitor Como em 1823 a corte, sempre a mesma, sempre surda ao ensino da experiência, tinha novamente achado na liberdade um elemento repugnante com a instituição monárquica, e no predomínio dos varões incorruptíveis da independência uma ameaça feita à influência da facção, cuja cooperação se julgava precisa a fim de resguardar a coroa dos assaltos da opinião constitucional... Por semelhante forma o novo reinado constituía-se solidário e continuador do antigo; riscava de nossa história o grande fato da revolução, que os devia separar e descriminar; inutilizava o tempo, os acontecimentos, o caminho andado; e restaurava o passado, não só com suas deploráveis tradições e tendências, mas até com seus homens, com seus erros e seus crimes. Não podia ser mais completa a decepção da expectativa do país, condenado assim à sorte desse enfermo do purgatório da Divina Comedia, que se revolve em todos os sentidos sobre um leito ardente, e a quem a dor mais se exacerba e punge na postura em que busca o alívio.

XIX. — Subindo ao poder por mero capricho do Imperialismo, o partido conservador sustentou-se em

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