No orçamento votado para 1898, a verba "diferença de câmbio" absorve 180.000 "contos de réis",(*) Nota do Autor de uma receita global de 300.000!
Em meio a esse caos monetário — causado, primordialmente, pela superabundância do meio circulante — que passara de pouco menos de 200.000 "contos de réis", às vésperas de 15 de novembro de 89, a 700.000 em 96, acirravam-se as discussões interpretativas de um fenômeno que Nicolau Goirnico incluíra entre os quatro flagelos da humanidade: "discordia, mortalitas, terrae sterilitas et monetae vilitas".
Uns atribuíam a queda do câmbio à deficiência das exportações, enquanto outros apontavam para as emissões de papel-moeda como o motivo fundamental do aviltamento externo do "mil-réis".
Ao reler, hoje, as interpretações do fenômeno, percebe-se que foram as mesmas que apareciam em livros, jornais e revistas, durante a inflação alemã, que se seguiu à Primeira Guerra Mundial.
Como Gustav Cassel (Monnaie et Change après 1914 — Paris, 1923), Mattoso Câmara proclamava — um quarto de século antes do notável discípulo de Knut Wicksell — que o equívoco daqueles que apontavam a taxa de câmbio como causa e não como efeito do excesso de numerário tinha raízes no conceito representativo da moeda:
"O erro de Law, — a causa da catástrofe provocada por seu sistema — não foi outro senão o da falsa ideia de que o valor do meio circulante é representativo e que, portanto, a moeda legal pode ser emitida discricionariamente, uma vez que não exceda o valor dos objetos que representa e sobre que for baseada sua emissão.
Eis por que já tive ocasião de dizer e repito: — desconhecem o grande princípio da oferta e da procura em