contrarrevolução, derivassem para o campo das atividades industriais e financeiras.
Duplo engano, histórico e econômico, mais fácil de perceber-se atualmente do que no momento da luta, mas que produziu as mais graves e lamentáveis consequências.
A vitória da ideia republicana representa o ponto culminante de um longo processo histórico; o fundamento remoto da nova concepção, ignorado mas indiscutível, foi a necessidade em que se encontrou a ex-Colônia, de bastar-se a si mesma e ajudar a Metrópole. Desenvolveu-se a doutrina durante os tempos conturbados da Regência e do surto libertário do Ato Adicional de 1824; fortaleceu-se com o grande movimento de que abrolhara o Manifesto do Partido Liberal de 1868, precursor histórico e político da profissão de fé republicana de 3 de dezembro de 1870; manteve-se em estado de ebulição contínua com o debate do problema do trabalho servil e as críticas recíprocas dos partidos monárquicos; revigorou-se com a libertação definitiva dos laços que prendiam ao Império as classes conservadoras, após a abolição incondicional da escravatura; e já não pôde ser contida a partir de 1888, malgrado o duplo sentimento de respeito e gratidão para com D. Pedro II e sua digna filha, a Princesa-Regente, que os abolicionistas haviam justamente cognominado a Redentora.
Significa, portanto, um produto da fatalidade histórica, jamais coarctado, talvez auxiliado pelo governo esclarecido e fundamentalmente liberal do último Imperador, com sua invencível repugnância por tudo quanto as monarquias tradicionais possuem de faustoso e hierático, solícito em misturar-se com o povo a fim de nivelar diferenças sociais, e pouco inclinado a desenvolver ou honrar de modo especial o culto da força através de homenagens excepcionais ao Exército e à Marinha.