O apelo que os positivistas do Rio de Janeiro haviam dirigido a D. Pedro II, em 1888, para que se colocasse à frente do movimento desde então irresistível e previsto como tal, resultou de profunda observação dos fatos e embora tivesse provocado sorrisos ou críticas indignadas nos círculos oficiais, não encontraria qualquer obstáculo nos sentimentos pessoais e normas de governar do Soberano.
As expressões de respeitosa afeição e dolorosa necessidade, que ditaram todos os atos da república nascente para com o grande brasileiro tombado de seu alto posto de colaboração pelo progresso nacional, disso constituem prova.
A república só podia ser o que foi, histórica e socialmente: a herdeira das tradições, experiência e métodos administrativos do império, acrescidos dos retoques e aperfeiçoamentos visando a uma liberdade maior, individual e coletiva, imposta pelo novo conceito político dos problemas nacionais.
Isso não foi compreendido logo de início; e durante certo tempo esteve em moda seguir, em tudo, como prova de boa orientação republicana, pontos de vista opostos aos do regime abolido. A prudência, aos olhos dos que pregavam o evangelho novo, tornou-se timidez mórbida; e o exame aprofundado dos fenômenos passou a ser considerado hesitação servil.
Era preciso, para mostrar-se alguém à altura dos horizontes de então, porfiar em audácia e leviandade. Ao invés de enxergar no passado, nas crises de crescimento anteriores, a lição indispensável à previsão do futuro, era considerado preferível, sob pena de passar por obscurantista impenitente, mergulhar dentro da noite, de olhos fechados e pés juntos.
E desde os primeiros dias, no entanto, choveram indícios da mudança radical da situação econômica. A confiança, esse fator imponderável, apesar de todo-poderoso,