A política monetária do Brasil

Era este, porém, um exemplo republicano, lançado à multidão pouco a par dessas questões, facilmente inflamável e pronta a deixar-se levar por palavras mais ou menos retumbantes, mas que soavam falso. Àqueles que teriam podido demonstrar a inexatidão e o sofisma do argumento empregado, reservavam-se os epítetos de conspirador, reacionário e outras amenidades; a outros, davam-se a entender as vantagens práticas do movimento de negócios que a onda crescente da especulação iria certamente provocar.

E recomeçava o debate na exposição, misto curioso de observações exatas e argumentos tendenciosos.

Como considerar uma emissão em base metálica suficientemente garantida, indagava Rui Barbosa, se o depósito de espécies só corresponde ao terço do valor de seus bilhetes? E essa interrogação, que versava sobre um simples fato de observação corrente — a inutilidade prática de ter em caixa mais do que uma fração em metal para atender a todos os pedidos de reembolso de papel-moeda, em épocas normais — essa interrogação criticava a relação abstrata de 1:3, que nenhuma lei científica poderia justificar e que as condições econômicas especiais do Brasil tornavam muito precária. Era isso, aliás, manifestação da tendência vitoriosa de reforçar, apesar de tudo, o encaixe metálico dos bancos de emissão, tendência que, na Europa, tomado o conjunto de institutos desse gênero, elevou a relação de 50,6%, em 1906, para 60,9%, em 1909.

A objeção da inconversibilidade do papel-moeda garantido por títulos da dívida pública — inconversibilidade tanto mais grave porquanto se fazia sentir nos momentos de crise e desvalorização geral, quando os títulos da dívida seriam irrealizáveis ao par — essa objeção, dizia o Ministro da Fazenda, não era decisiva; e atribuir-lhe preponderância absoluta corresponderia a

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