portugueses saldava a compra dos objetos exportados para a América. E assim perfazia-se o ciclo de intercâmbio.
Não podendo esse mecanismo perdurar muito tempo em seu estado de pureza, a ruptura do equilíbrio entre as duas correntes comerciais deveria, mais cedo ou mais tarde, traduzir-se por diferenças que teriam de ser liquidadas em numerário.
O Brasil frustrara as esperanças daqueles que haviam contado nele encontrar a riqueza dos metais raros, tão copiosos na costa ocidental do continente. Só na Capitania de São Vicente fora descoberto algum ouro, o qual, porém, não circulava; seus possuidores entesouravam o metal, ocultavam-no em lugares de onde só vinha à luz do dia para o pagamento de resgates exigidos pelos piratas que infestavam os mares do Sul e atacavam as feitorias da costa, ou por ocasião dos inventários, quando havia legados ou partilhas. O ouro não era moeda e sim mercadoria preciosa.
A Metrópole, a seu turno, possuía reduzidas reservas metálicas, que a contribuição da costa africana e das Índias Orientais não aumentara a ponto de tornar fácil a exportação de lingotes ou moeda para o Brasil, os quais, aliás, não teriam nele encontrado emprego. Foi a anexação temporária de Portugal à coroa de Espanha (1580-1640) que forneceu a primeira solução, embora precária, parcial e transitória: permitiu o êxodo para as províncias recém-adquiridas, de peças cunhadas com metal enviado pela América Central e os Estados do Pacífico. Há provas disso na legislação posterior à restauração da monarquia portuguesa, em leis que atribuíram curso legal a peças espanholas cunhadas em Segóvia, no México e no Peru.(1) Nota do Autor