A política monetária do Brasil

O desenvolvimento do comércio entre os dois lados do Atlântico criou novas exigências: o valor das exportações americanas excedia o das mercadorias importadas, e os funcionários tinham de receber os vencimentos em dinheiro. A crise tornava-se cada vez mais aguda e duas ordens de fatos claramente o comprovam: em 1649, fundou-se a Companhia Geral do Comércio do Brasil, monopólio que durou 71 anos e cuja organização provocou as mais veementes reclamações do comércio da Colônia, diante dos abusos cometidos, e também porque arruinava todos os barcos que se entregavam à navegação de longo curso entre Portugal e sua possessão americana, duplo sintoma da importância das trocas e, em consequência, do valor dos navios empregados nesse comércio; em 1645, foram cunhadas as primeiras moedas especiais no Brasil pela privilegiada Companhia das Índias Ocidentais, a fim de atender às necessidades de sua colônia de Pernambuco. O governo da ocupação batava (1624-1654) foi, por conseguinte, o pioneiro da circulação metálica regional.

A restauração dinástica de 1640 e a expulsão dos holandeses do território de Pernambuco, quatorze anos mais tarde, vieram restabelecer no Brasil os erros seculares da monarquia portuguesa em relação à moeda.

A partir de Afonso III (1253), encontravam-se os reis de Portugal a braços com inextricáveis dificuldades financeiras, que tentavam resolver mediante aplicação da doutrina segundo a qual o valor intrínseco da moeda pode ser fixado por ato de autoridade. A consequência disso era evidente: a cada novo embaraço financeiro correspondia emissão de moedas menos pesadas e de título mais baixo — uma circulação de moeda falsa. O valor do marco-prata de 11/12 de fino, unidade destinada a curso no interior do reino, de 12 libras no reinado de Afonso II aumentou para 29,325, no de D. João I (1433). A mais perfeita identidade de raciocínio dominara

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