durante dois séculos para aviltar de maneira progressiva o valor da libra. Durou pouco a pausa do reinado de D. Duarte (1433-1438), que substituiu a libra pelo real, simples moeda divisionária — 700 reais deveriam perfazer um marco — embora esta unidade valesse de fato quase 800 reais; já no reinado de seu sucessor, D. Afonso V, as novas cunhagens de título rebaixado elevaram o marco a 1100 reais e, mais tarde, a 1896 reais. A baixa do real prosseguiu com D. João II, apesar dos esforços para reprimi-la mediante cunhagem intensificada da prata comprada com o ouro da Costa da Mina, na África. E o marco chegou a 2.280 reais.
Ao tempo desse rei, pelo menos não variaram o peso e o título da moeda. Para contrabalançar e anular uma tradição multissecular de alteração fraudulenta dos meios de troca, não foram bastante fortes as duas exceções citadas, D. Duarte e D. João II, e a depreciação continuou em consequência de medidas baseadas nos mesmos princípios. A bancarrota oficial erigiu-se em sistema de governo, para enfrentar as exigências financeiras do país.
Não é de surpreender, por conseguinte, que medidas idênticas sejam novamente encontradas como expediente financeiro noutros períodos da vida nacional, notadamente em épocas de crise. Assim, pouco depois da Guerra da Independência (1640), estando quase esgotados pelos navegadores espanhóis os recursos fornecidos pelo comércio da África e do Oriente, D. João IV, dadas as grandes dificuldades de sua situação, ordenou fosse aumentado de 25% o valor nominal das peças de ouro em circulação, e de 50% o das moedas de prata.(2) Nota do Autor O prazo concedido para contramarcar as peças antigas foi de um mês para a cidade de Salvador e de dois para o resto do país, o