Roçando por uma curva avistamos areias brancas e árvores esguias, indicando o porto da Manga do Rio Pardo. É ele o escoadouro da vertente ocidental do norte de Diamantina. A vertente oposta é drenada pelo Caeté Mirim que se lança no Jequitinhonha. Em canoas, após dois dias, pode-se chegar à serra, distante apenas 12 léguas da cidade dos diamantes. A foz tem 140 pés de extensão e a corrente principal tem 650. Fomos durante uma hora atirados de um lado para outro tendo atravessado o raso por uma queda-d'água e a linha agressiva e recortada de uma série de lajes calcárias na direção sudeste que nos interceptava a passagem, como pedras tumulares meio submersas. Um pouco abaixo havia outra vez pedras calcárias com um golpe de sudeste. A superfície dos terrenos apresenta-se de novo extremamente irregular, resultante talvez do encontro de sistemas diversos orográficos, que projetam suas ramificações de ambas as margens através da corrente. É uma das peculiaridades deste baixo rio das Velhas que merece atenção.
Dirigimo-nos agora à cachoeira do Gonçalves,(29) Nota do Autor lugar feio e muito encachoeirado. Pouco depois chocamo-nos pesadamente e ficamos suspensos sobre uma pedra submersa no meio da corrente abaixo da superfície durante todo o ano, e não mencionada no plano. Em vinte minutos tivemos acidente semelhante. Nesse último caso, porém, as rochas calcárias emergiam da água perto da margem. Esses obstáculos são perigosos para navios. As cachoeiras precisam ser destruídas e as pedras removidas. Às 9h30min da manhã cruzamos a foz do rio Curumataí, que nasce ao norte e corre paralelamente ao rio Pardo. Aqui a bela corrente tem cerca de 105 pés de largura. Sua margem direita é rica de altas árvores e ele descreve uma graciosa curva a perder de vista.
Aqui o rio das Velhas muda mais uma vez de aspecto. Durante certo tempo tínhamos defronte de nós uma longa linha cinzenta, a serra do Bicudo, assim chamada em virtude de uma pequena corrente que entra pela margem esquerda. Fazemos então uma longa curva para oeste, compelidos pela serra do Curumataí, um espinhaço que se eleva a 1.500 pés acima do leito do rio e, nesse ponto, chega a 300 jardas do leito. Ela se prolonga para o norte pelas serras do Cabral, do Paulista e da Piedade, enquanto defronte delas estão as serras da Palma e da Tabuá. Há uma notável correspondência nas linhas. As cristas são cobertas de relva, enquanto a vegetação maior brota das grotas e vazios, onde há mais umidade. Aqui, como em toda a parte, chove mais na parte alta das serras, porém o declive drena a água para a parte mais baixa. Entre as serras do sul, que parecem ser os limites do antigo leito, há um intervalo médio de quatro milhas. As serras são compostas de suaves colinas cobertas de bosques, da