e não são retirados todos os fragmentos, o pé apostema e forma-se uma ferida. Algumas das vítimas tiveram de usar chinelas e por muitas semanas andar coxeando. A ferida é finalmente fechada com algum álcali brando; até o rapé, cinza de cigarros e arnica são empregados, e completam a cura.
Se algum lugar ostenta o selo da grandiosidade marcado pela natureza, é certamente esta junção. Está a meio caminho do grande vale ribeirinho. Tem, ou melhor, pode ter ligação fluvial com Sabará, Diamantina, Curvelo, Pitangui, Pará (ou Patafúfio),(8) Nota do Tradutor Dores de Indaiá, Campo Grande, Paracatu, São Romão e outros antigos estabelecimentos do rio São Francisco. Liga as províncias de Goiás, Pernambuco, Bahia e Minas e, antes de muitos anos, o vapor e a estrada de ferro farão sua ligação com a capital do Império. Não me cansarei de gastar tinta e papel para encarecer o valor de tais projetos. Quando a minha previsão sobre o futuro terá sido justificada, o viajante poderá cotejar o seu presente com o meu passado e daí encontrar um outro padrão para medir a marcha do progresso que há de continuar a passos de gigantes na terra do Cruzeiro do Sul.
Nos velhos tempos coloniais a junção dos rios e a povoação anexa era chamada Barra do Guaicuí, e formava um antigo Julgado, ou chefia de Justiça, extinto há uns cinquenta anos. As gerações posteriores traduziram o nome tupi para Barra do Rio das Velhas. O distrito e a municipalidade foram criados em 1861 (Lei Provincial nº 1.112, de dezesseis de outubro) abrangendo parte de Montes Claros, São Romão, Paracatu, Curvelo e Diamantina. A vila principal tomou o nome de Vila de Guaicuí. Depois disso foi-lhe anexada Mubuca e os novos distritos de Extrema, Pirapora e São Gonçalo das Tabocas. Está agora dividido em quatro distritos: Guaicuí, São Gonçalo, Pirapora e Extrema.(9) Nota do Tradutor A população é avaliada em 15 mil almas, com 1.200 votantes e dezessete eleitores.(10) Nota do Tradutor Os últimos exercem as suas funções no colégio eleitoral com sede em Montes Claros, que dista de 120 a 200 milhas de más estradas de suas diversas residências.
A povoação é dividida em dois bairros ou quarteirões. Perto da confluência fica o arraial da Manga, ou a passagem a vau do gado, popularmente chamado o Porto. A parte superior é a vila, outrora arraial da Porteira, assim chamada pela vizinhança de uma serra desse nome, hoje também antiquado. A municipalidade tem uma só paróquia, a Freguesia de Nossa Senhora de Bom Sucesso e Almas da Vila de Guaicuí.
A Manga é uma ruína de uma vila em decadência, evidentemente destinada a ser extinta. Fica montada sobre uma alta barranca de barro branco-amarelado, com vinte e nove polegadas de altura.
