As paredes das habitações revelam uma marca de água de mais de seis pés. Assim, o total das enchentes alcança trinta e cinco a trinta e seis pés, com uma força a que nada pode resistir. O rio, como de costume nos grandes rios, desliza sobre um grande sulco de terra e volta-se para o norte onde rapidamente se atenua. Seu curso será obstruído somente pela serrinha da Manga ou Muritibá, uma longa e baixa colina que se estende ao norte. À borda do sul projeta-se São Francisco, formando uma longa língua de areia, coberta por uma camada de água que não alcança cinco polegadas de água nesta estação.
A barranca da Manga é de difícil acesso, tal como a de Kuisambi em Angola e os esboços de degraus existentes, quando regados pelas chuvas, são seguros somente para os pés semipreensíveis dos nativos. O único edifício notável, sobre cujos tetos vermelhos, altos e inclinados de telhas caem as vistas do viajante, é o Bom Jesus de Matozinhos. Fica defronte o encontro das águas, ou o sul, com ligeiro desvio para oeste e, já agora, fica quase à beira de um precipício. É feito de cantaria e barro, e revela que nos tempos coloniais o lugar conheceu dias melhores. Como de costume é inacabado, "obra de Santa Engrácia". A entrada pelo sul nunca foi coberta, a sacristia, ao leste, é quase despida e o campanário é a construção habitual de três vigas. As pilastras e os púlpitos de pedra cortada estão destinados a permanecer em embrião e a arcada de alvenaria destinada a dar entrada à capela-mor, ao norte, está cheia de ervas daninhas. Além do Bom Jesus há uma pequena destilaria de rum e, acompanhando o rio,o mato.
Antigamente Manga tinha duas ruas, mas em 1865 a inundação carregou a maior parte da vila e só uma parte da rua da Água apresenta uma dupla linha de pedras e casebres em números de vinte e quatro. São construídas sobre lajes de arenito azul duro, semelhante à cal, algumas vezes recobertas de ferro ou revelando junção com gnaisse avermelhado. A nova rua para o sul, paralela à antiga, tem trinta e três casebres que dão para uma estrada de areia. Esses alojamentos contrastam extraordinariamente com os do Daomé ou Abeokuta, em Egbaland: são caixas não caiadas, cobertas de telhas mal cozidas, com chão de terra, sem o mínimo conforto. Só há uma casa assoalhada: o Sobradinho,(11) Nota do Autor pertencente ao Sr. João Pereira do Carmo, comerciante em Juiz de Paz. No Brasil essa autoridade tem poderes conciliatórios, a fim de diminuir os recursos ao Juiz Municipal. No interior, porém, os servidores da velha farçante — a Lei — não raramente me trazem à lembrança o provérbio escocês do grito longínquo do lago Awe.