Os habitantes são todos mais ou menos mestiços, e assim como a pele amarela indica o brâmane, aqui também uma face mais clara é invariavelmente indicativa de categoria. Os vadios são numerosos e, como esses vagabundos não ultrapassam de muito os larápios, tomamos precauções; tiramos as grades de ferro de nossa jangada. Em dias comuns homens estão ausentes em suas roças ou estão pescando com os puçás(16) Nota do Autor e com compridos anzóis. Pela rua e arredores veem-se vagabundos adormecidos sobre um banco ou sobre um capacho para protegê-los da poeira. Raramente passa um homem importante cavalgando um cavalicoque com cuidado e usando estribos de madeira em forma de caixa. Os animais são como os de Pernambuco, pequenos por falta de alimentação, mas revelando boa raça no aspecto e posição da cabeça. Às vezes, um caipira, especialmente um vaqueiro, cavalga vestido dos pés à cabeça de couro, o que revela que ele não é da terra, mas de uma região cheia de espinhos.(17)Nota do Autor As crianças escravas sentam-se à garupa dos magros cavalos, como os rapazes do Egito cavalgam seus burricos. É bem verdade que nos burricos é correto montar, mas não nos cavalos. Nada mais há que ver senão pássaros, animais e crianças nuas. Os cães e porcos parecem viver num estado de guerra civil crônica e o único exercício físico dos cidadãos consiste em surrá-los.
No meio desses mestiços, os homens respeitáveis são sempre bem-educados e atenciosos. A grosseria aumenta na proporção da cor mais carregada e, às vezes, quando muito escura, tolera-se a gabolice dos negros, que falam com uma rudeza que nem sempre é intencional. Quando sóbrios, porém, não revelam nada do rufianismo tão comum entre os europeus sem educação. Um estrangeiro tomará frequentemente as maneiras deles como ofensivas, mas na verdade a ofensa procede não de uma má vontade intencional, mas de uma completa falta de tato, incapacidade de discernir o que é decoroso e ausência de percepção de que estão ofendendo. Os homens chegam à porta, encostam-se no umbral, olhando-nos à maneira dos ofídios e como os deuses da Grécia e de Roma, cujos olhos nunca pestanejam. Pouco lhes importa que o homem na espelunca esteja comendo, barbeando-se ou tomando banho. Metem-se na conversa, e fazem a viva voce comentários pessoais e observações como os negros da África Central. De fato o realm of Bocchus by the Blackland Sea(18) Nota do Tradutor é o melhor dos professores de paciência. Ali você aprende, e precisa aprender, a suportar o que os ingleses detestam, talvez mais ainda. As mulheres entram sem ser convidadas, com cigarro na boca, e sentam-se pela primeira vez como se fossem velhas amizades. Temos um bela vizinhança, que muito se assemelha à Yaller Gal of