dos recursos do lucar. O contrário, porém, sucedeu, nem podia deixar de suceder. Para os estabelecimentos da costa da África, o tráfico era uma peste horrível; dizimava a população, não alimentava o comércio livre, não fixava ali os capitais, ao passo que desmoralisava e embrutecia os pequenos povoados. Em uma carta ou relatório dirigido ao sr. Visconde de Authouguia, o sr. Teixeira de Vasconcellos referiu, como presidente da Câmara Municipal de Luanda, o que acabamos de afirmar. Ele mostrou extensamente que, no tempo do tráfico, os estabelecimentos portugueses em Angola definhavam e se empobreciam de dia em dia. Depois que o tráfico declinou foi que alguns melhoramentos se introduziram, tomando o comércio um caráter sério com os indígenas e os antigos habitantes, desenvolvendo-se a cultura e, com ela, a prosperidade material da colônia.
Eis aí, pois, meu caro amigo, os efeitos que o tráfico exercia sobre as suas próprias fontes e quais os benefícios que ele vinha trazer aos países de seu destino, e particularmente ao Brasil? Desnecessário fora, para isso, repetir o que se tem escrito a propósito dos estados do Sul da União Americana, de Cuba e de outras colônias. O que dissermos relativamente ao Brasil, é-lhes mais ou menos aplicável.
Aqueles que lastimaram a repressão do tráfico, acreditavam talvez que isto equivalia para o Brasil a expulsão dos judeus ou dos mouros de certos países católicos da Europa. Estes representavam em França, na Espanha e em Portugal os capitães e a indústria; os africanos eram os nossos arados, a nossa lavoura. Não pretendemos negar que os negros importados concorriam para o aumento da produção de gêneros do país. Isto é evidente. A questão, porém, é saber se