APÊNDICES
Apêndice I
A INDÚSTRIA MANUFATUREIRA E AS TARIFAS PROTETORAS (1) Nota do Autor (v. Carta III, pag. 48)
Encerrada a exposição nacional, é tempo de pôr em evidência a lição que dela resulta. As pessoas ainda as mais convencidas da primazia que compete à agricultura no Brasil, imaginaram geralmente que o espetáculo da Escola Central havia de ser uma prova decisiva em favor da nossa aptidão manufatureira. Tanto ruído calculado se faz com a instalação da fábrica mais comum ou mais grosseira; com tanto favor são recebidos tais estabelecimentos pelos prejuízos de independência e alforria do estrangeiro, que único explora (é a palavra consagrada) os recursos naturais do país; tantos estímulos, porventura generosos e sinceros, é costume dispensar-lhes e tanto é moda exigir-se do governo que não protege os nacionais (é outra frase, que vale um argumento); tanto, finalmente, se procura apressar ou precipitar o desenvolvimento industrial do Brasil, que se deveria esperar ver na exposição uma série importante de valiosos artefatos. Mas, ao contrário, nunca a realidade justificou tão plenamente as previsões da teoria. As fábricas no Brasil são um acidente; a agricultura é a grande, a verdadeira indústria nacional: quem o demonstra é a exposição. Com efeito, não quero dizer que, amputando algumas de nossas faculdades, Deus nos tenha condenado a ser, hoje e sempre, simplesmente agricultores. Ninguém, que tenha lido os artigos precedentes, formará essa ideia das opiniões neles emitidas. A lei suprema da indústria é a liberdade, e cada qual pode tornar-se manufatureiro quando e como queira: sã a concorrência, na sua força