Cartas do Solitário

negros, que assim recrudesceu, tanto em Cuba como no Brasil.

De 1840 em diante começou-se a perceber o progresso do tráfico para o nosso país e reapareceram mais fortes as reclamações dos ministros ingleses contra as transgressões dos tratados. Por outra parte, porém, os lucros maravilhosos obtidos pelos traficantes e pelos fazendeiros faziam levantar uma verdadeira propaganda em favor da legitimidade e a bem da permanência do comércio de negros. Pessoas colocadas em posições distintas da sociedade não se pejavam de advogar a causa e os interesses dos criminosos. Houve tal, meu amigo, que não duvidou escrever, em 1845, uma série de artigos, compilados em um volume de 300 páginas, sob este título: Inglaterra e Brasil. tráfico de escravos. — Por um DEPUTADO. Esse representante assinava-se com a inicial F. O livro é o resumo de quantas sátiras se têm publicado contra o caráter e a política da nação inglesa. O método empregado pelo autor acusa a maior habilidade, não menos do que a ausência de toda a sinceridade. Aí não se estuda o tráfico em si mesmo, nos seus efeitos, nos tratados existentes, no ponto de vista da conveniência e do dever do Brasil. Acumulam-se acusações sobre acusações contra Inglaterra, excita-se o zelo patriótico, ofusca-se a razão e lisonjeia-se o interesse.

Também não houve um auxiliar mais poderoso para a propaganda do que esse livro, que devia valer a reeleição ao seu pouco cerimonioso autor.

A atitude provocadora dos traficantes e a imbecilidade do nosso governo exigiam um procedimento enérgico. A inutilidade das notas e a impotência dos cruzeiros eram manifestas.

Promulgou-se, pois, o Bill Aberdeen, e instou-se pela execução dos compromissos

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