e das leis. A esse procedimento de Inglaterra chamou-se arrogância e crime contra o direito internacional. É sem dúvida o Bill Aberdeen um absurdo intolerável perante o direito das gentes, um absurdo que arrastará outros, como essa visita que um oficial da Marinha britânica pretendeu fazer há poucos dias a bordo de um vapor surto em nosso porto, um absurdo que, em casos tais, sobretudo, só merece uma represália enégica, violenta, brutal mesmo, e nunca (com vergonha o dizemos) simples reclamações em papel, se é que se fizeram, e se feitas, obtiveram resposta. Seja como for, porém, é certo que o proceder do gabinete de Saint James era uma consequência do nosso. A sua violência devia estar na razão inversa da nossa fraqueza, da nossa cumplicidade moral com os traficantes.
Não pretendemos absolver a política dos ministros ingleses a respeito do Brasil. Mas desejamos lembrar que ela tinha um fim todo proveitoso para nós, a rapida extinção do tráfico. Desejamos, ainda, que se estudem os motivos e se faça justiça as intenções de um povo, a que não devemos nunca ceder a honra certamente, mas que havemos de estimar e prezar como o nosso melhor amigo. Deixemo-nos de zelos internacionais e de receios de dominações, que já não podem ter lugar no século em que vivemos. Façamos justiça, pois, aos que a merecem. Saibamos ter como povo uma virtude que tanto honra os indivíduos: a gratidão. Foi a Inglaterra que obteve a abertura dos portos do Brasil ao comércio do mundo, em 1808, o maior fato de nossa história colonial. Foi a Inglaterra que fez o rei de Portugal declarar que, ainda volvendo a Corte à Europa, o Brasil continuaria a ser governado como um reino unido, o que valia o mesmo que apressar a independência. Foi ainda a Inglaterra que, no tratado de 19 de