Cartas do Solitário

um modo mais ativo do que até então para logo pensou-se na conveniência de reforçar os cruzeiros. Deste recurso esperava-se muito. Era o único que inspirava confiança. Alguns brasileiros ilustres, que não pactuavam com o tráfico e que desejavam ardentemente vê-lo extinto, depunham toda a confiança na atividade dos cruzeiros. Em um despacho a lorde Palmerston, datado de 20 de outubro de 1841, o sr. Hamilton dizia que tivera com o sr. Antonio Carlos de Andrada, ex-ministro do Império, duas conferências, a pedido do mesmo sr. Antonio Carlos, a respeito do tráfico de escravos. Nessas conferências, acrescenta o despacho, o sr. Antonio Carlos indicava que o único meio eficaz de supressão do tráfico seria cobrir as costas do Brasil com inumeráveis navios britânicos de pequeno lote, alguns dos quais deviam ser vapores, e que daí resultariam perdas e a bancarrota dos traficantes.

Esta medida foi, com efeito, adotada por lorde Aberdeen. A divulgação dessas conferências produziu escândalo e foi ocasião de censuras amargas ao nobre Antonio Carlos, a quem se acusava de concorrer para a ruína da agricultura do país, enquanto se cobria de elogios a política do sr. Aureliano, que era dissimular e sofismar. Vinguemos hoje o nome do ilustre patriota Antonio Carlos, mostrando que ele trabalhava justamente por bem do futuro do Brasil.

Os cruzeiros, porém, não correspondiam à expectativa. Todos os dias eles revelavam a sua impotência. Os negreiros tinham mil modos para salvar-se. A força naval estacionada na costa da África custava a Inglaterra 10.000 contos anuais, enquanto que o seu efeito palpável era só aumentar os suplícios para os africanos, atenta a menor segurança do tráfico. Isto mesmo o faziam ver o Times e o Economist, e outros

Cartas do Solitário - Página 174 - Thumb Visualização
Formato
Texto