era outra. O pensamento do longo discurso do ministro de Estrangeiros era o mesmo do protesto do nobre sr. Limpo de Abreu, publicado em 1845. Manifestaram-se as queixas provenientes das agressões aà nossa dignidade de Estado independente, mas declarou-se prosseguir com força na política de extinção do tráfico. Desse dia em diante, estava, meu amigo, decidida a sorte do tráfico. Os processos sucederam-se aos processos, as deportações às deportações, a inflexibilidade dos juízes à energia do governo. Tanto é certo que neste país o governo pode tudo!
O tráfico é hoje apenas uma lembrança do passado. A tentativa do desembarque, em Serinhaém, província de Pernambuco, em 1856, ou os votos ingênuos para o seu restabelecimento, proferidos em 1859, na Assembleia Provincial do Rio de Janeiro, pelo membro Vidigal, são acontecimentos extraordinários que não poderão produzir fruto, ainda que devam conservar atento o governo. O tráfico esta extinto. Foi no próprio Parlamento inglês, aonde tantas acusações nos fizeram, que a rainha Victoria, no discurso de 11 de novembro de 1852, dizia: \"Tenho a satisfação de anunciar-vos que os zelosos e sinceros esforços do Brasil para a supressão do tráfico da escravatura, hoje quase extinto naquela costa, habilitaram-me a suspender as medidas enérgicas, que tinha sido obrigada a tomar com grande pesar meu, e tenho toda a esperança de que não precisarei recorrer outra vez a elas\". A questão do tráfico, pois, a mais grave pendência diplomática de nossa história depois da independência, terminava sem quebra de nossa amizade com Inglaterra. Se a fraqueza inabilitava os esforços do Brasil, o seu fim, a ideia fixa de todos os seus homens ilustrados e refletidos, eram os mesmos do povo inglês, a repressão do horrível