magna questão da abertura do Amazonas ao comércio do mundo. Do Amazonas aos Estados Unidos há apenas um passo, e depois de perguntar se temos o direito de bater com uma porta de bronze sobre a face do futuro das maravilhosas regiões por onde se estende majestoso o gigante dos rios, eu mostrarei se é possível estarmos em relações mais estreitas com a Europa do que com os Estados Unidos, de que parecemos fugir, em vez de fazer que, graças ao vapor e ao telégrafo elétrico, o Rio de Janeiro aperte cordialmente, por cima do oceano, as mãos de New York.
Vereis, meu amigo, especialmente no que respeita à primeira questão, a da liberdade da cabotagem, que se trata de um objeto intimamente ligado à sorte do povo deste país e às causas de sua miséria, de que comecei a ocupar-me em algumas das cartas anteriores.
Costuma-se alegar que o privilégio nacional, ou por outra, o monopólio da navegação costeira, é exigido por um princípio político, o da segurança do Estado, que ainda não pude compreender. Mostrar-vos-ei, ao contrário, que o monopólio, exagerando o preço dos gêneros do comércio, criando e justificando a exploração injustíssima das grandes capitais sobre as pequenas províncias, fomenta um estado de cousas desagradáveis, uma agitação surda, um ciúme entre províncias irmãs, perigoso para a ordem pública, e que só não descobre quem não quer ver. A essas teorias de segurança pública e de poder marítimo do Brasil podem os homens do povo responder com a máxima latina tão cheia de senso: "Primo vivere, deinde philosophare". Os políticos teóricos insistem, com efeito, e insistem com ênfase, no poder e influência marítima do Brasil. Estudaremos este ponto oportunamente. Eles descrevem o oceano com as mesmas ideias dos Bartholomeus Dias