Cartas do Solitário

exigir dos moços hoje que se não apaixonem pela estrela radiante da democracia que se levanta, quando o astro da Idade Média desaparece no ocaso?

Eis aí como eu tenho refletido sobre a sorte do Brasil.

Debaixo desse pensamento, manifestei-vos as minha ideias acerca de vários assuntos. Quase ao terminar esta correspondência, que só vossa obsequiosa atenção podia ter entretido, permiti-me percorrer ligeiramente cada uma das questões tratadas.

O estudo, que primeiro empreendi, foi a análise do nosso processo administrativo, gracioso ou contencioso (71). Nota do Autor Creio ter assinalado as protelações, as delongas e os vexames resultantes do sistema tradicional de informações multiplicadas, e da falta de autonomia e iniciativa em cada um dos chefes de serviço e esferas administrativas. Ocupei-me também da centralização. Mostrei que era a consequência e a companheira do absolutismo, e estudei-a sob três pontos de vista: a regulamentação das indústrias, a lei de 22 de agosto de 1860, e o protecionismo; a concentração dos negócios locais; e a existência no próprio centro de entidades superiores que suprimem a liberdade e absorvem a vida dos diferentes círculos subalternos.

Não cessarei, meu amigo, de insistir sobre essa matéria; se fora possível, volveria de novo ao assunto, e completaria o que disse então.

Houve particularmente um ponto que eu desejaria tratar com mais extensão: o protecionismo.

Fora mister mostrar que na realidade as nossas tarifas e regulamentos de alfândega estabelecem direitos tão elevados sobres as mercadorias estrangeiras, que são alguns quase

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