O Brasil Central. Expedição em 1884 para a exploração do Rio Xingu

Em um mapa de Guillaume de l'Isle (Amsterdã, 1731), o "Paranayba" atinge 13°, enquanto o "Tapayosos" 11°, sendo muito menos escrupulosa a sua descrição que relaciona vários pequenos afluentes esquematicamente apresentados. Há ainda a seguinte nota: "O rio Paranayba é um dos maiores de toda América do Sul e recebe trinta afluentes importantes."

Daí em diante empregou-se o termo Xingu que deparei a primeira vez na crônica dos jesuítas, impressa em Bettendorf (no ano 1661 até perto de 1694, na Província de Maranhão).

Escrevo a palavra foneticamente.

Um atlas americano escreve Zingu, os franceses Chingu, os ingleses Shingu, os portugueses Xingu, os alemães dizem ultimamente Ksingu — de modo que era recomendável, para a correta pronúncia alemã, adotar-se a maneira correta de escrever Schingu(1). Nota do Tradutor

Parece-nos que já em tempos bem remotos, muito ao contrário do que se verificou em épocas posteriores, o rio Xingu assumiu muito mais importância do que o Tapajós. Ainda em um mapa de Homann de 1796, este último rio atinge 11º, enquanto o Xingu ou "Paranatinga" vai até 18º.

Em outra parte, depois de 1800, encontro referência ao rio Fresco, um afluente da direita, que ainda hoje figura como fronteira entre Pará e Mato Grosso. Não nos foi possível, porém, durante a viagem, verificar a existência desse rio.

Todas essas hipóteses aqui descritas promanam dos missionários jesuítas que habitavam o Baixo Xingu. A crônica de Bettendorf esclarece-nos as primeiras tentativas. Também ali se louvam as águas cristalinas do rio que são muito recomendáveis aos que sofrem de cálculos, ao mesmo tempo que se celebra a beleza e a fertilidade de suas margens. A série de missionários é iniciada pelo padre Luís Figueira, conhecido pela sua gramática da língua geral; fundou ele no ano de 1637 a povoação de índios Veiros, hoje desaparecida, batizou grande número de índios e, logo depois, em 1642, foi assassinado e devorado pelos selvagens na ilha Marajó.

"No Xingu", refere a crônica, "habitam diversas tribos da língua geral, como os jurunas, nhuunas, guaiapis e alguns pacajás, para onde o Padre Antônio Vieira enviou uma Missão, mas o diabo deixou-os paralíticos por terem expulsado os missionários (em 1661)". O padre,

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