ele conseguiu adiantar-se a uma distância que até ali nenhum branco havia alcançado, fornecendo assim as primeiras notícias exatas, dignas de figurarem em um mapa. Tivemos prazer imenso em verificar que os colonos do lugar ainda não haviam esquecido a viagem do Príncipe Adalbert e, como nessa viagem ele tivera por companheiro o conde Bismarck-Bohlen, o simples fato desse atual chefe da armada alemã ter estado numa canoa transformou-se em pitoresca lenda. Seria injusto desiludir os brasileiros, desmentindo a versão; pelo contrário, reafirmamos as suas convicções, adiantando-lhes que, mais tarde, na Alemanha, o chanceler havia posto em ordem, para gáudio do Reich, as regiões de outros dois rios, sobre os quais reinava uma confusão muito maior do que sobre o Xingu.
Animado provavelmente pelos dados que o príncipe fornecera, o presidente do Pará, em 1844, divulgava um relatório em que considerava o rio Xingu como a via de comunicação mais natural com Mato Grosso, justamente até o ponto em que os índios e as correntes não dificultavam a navegação sobre o mesmo.
No ano de 1859, foi tentada novamente uma catequese no pequeno afluente Tucuruí, abaixo da curva já acima referida. Pelas comunicações feitas pelos próprios índios, estabeleceu-se uma lista das tribos residentes na parte superior da antiga missão jesuítica, que é a seguinte: "jurunas, tucunapeuas, juacipoias, urupaiás, curiaias, peopaias, tauá-tapuerá, tapuia-crete, carajás-mirins, carajás-pocus, xipocas, araras, tapaiunas."
No ano de 1872, uma comissão, sob a direção do engenheiro Oliveira Pimentel, examinou o curso inferior do rio, limitando-se, contudo, à região de 3º30' de latitude sul, isto é, a um grau inferior ao alcançado pelo príncipe Adalberto.
A curva que fecha as comunicações na altura sudoeste do rio é chamada ali a "Volta", e até esse ponto havia sido estabelecida, muito recentemente, uma linha de ramificação da navegação do Amazonas. Do lado oposto da "Volta", cujo ponto final foi assinalado pela antiga missão jesuítica, estabeleceram-se os negociantes de borracha. Percebe-se que a exploração do curso médio e superior desse rio fora necessidade imprescindível.
Mas, onde nasce o Xingu? Ante essa pergunta, abandonaremos a foz e a Província de Pará e dirigir-nos-emos novamente a Mato Grosso. A maioria dos mapas geográficos fornecia dados pormenorizados sobre as fontes do rio. É pena que esses mapas não concordassem entre si. Na base de vagas tradições, de cuja origem ninguém tem notícias certas,