O Brasil Central. Expedição em 1884 para a exploração do Rio Xingu

CAPÍTULO XXII

O consumo da banana

Na América do Sul distinguem-se duas espécies de "pisang"(1), Nota do Tradutor isto é, a "musa paradisiaca" e a "musa sapientum". A última é excelente pelo seu bom paladar, tendo vindo em 1516 das Ilhas Canárias para São Domingos, e, nos meados do século XVI, da Ilha São Tomé, situada no Golfo da Guiné, para a Bahia. Ainda hoje é ela denominada no Brasil banana-de-são-tomé.

A banana, em virtude do seu intenso cultivo, perdeu a semente, e é plantada arrancando-se as raízes ou cortando-se a bananeira. Foi a "musa paradisiaca" também trazida para aqui ou deve considerar-se natural do país, honrando, assim, a sua denominação de "banana-da-terra"?

Que ela seja natural da Ásia é coisa certa. A "musa sapientum" foi encontrada nas florestas de Chittagong juntamente com uma variedade de fruta pequena nas Filipinas. Na Ilha Pulo-Ubi, no Golfo de Sião, foi também encontrada em grande número e em estado selvático. Finalmente, considera-se provada a existência de tais variedades em Ceilão.

Humboldt defendeu a princípio o ponto de vista de que a banana, antes da descoberta da América, já deve ter sido ali conhecida, e espalhado o seu consumo. Dizia que nas margens do Orinoco, do Cassiquiare ou do Beni, nos montes de Esmeralda e no rio Caroni, no centro das matas mais densas, quase em toda parte onde se encontrasse povoação indígena, longe do contato com aldeias de europeus, encontravam-se plantações de mandioca e de bananas.

Acrescenta ainda que nos relatos feitos por Colombo, Alonzo Negro, Pinzon, Vespucci e Cortez, a banana nunca foi mencionada, ao contrário da observação de Garcilásso de la Vega (1530 a 68) que dá a banana como fazendo parte da alimentação dos índios incas. Martius salienta que nenhuma observação existe a respeito da origem agreste dessa planta na América do Sul, que ele mesmo só a viu plantada

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