O Brasil Central. Expedição em 1884 para a exploração do Rio Xingu

e cultivada por toda parte, mas não pode furtar-se à impressão que lhe causou o fato de vê-la tão espalhada e sob diversas espécies, acentuando que no Brasil é a banana considerada geralmente como fruta nativa.

O botânico francês Alphonse de Candolle declara de maneira decidida que a banana foi levada para a América pelos europeus e acredita que Garcilasso se tenha enganado em relação à tradição dos peruanos e, para se apoiar, cita Joseph Acosta. Este último fornece para o nosso caso uma nota importante, isto é, que os espanhóis denominaram a banana, por causa da semelhança que apresenta, "plane" (platanus), nome esse que não é derivado de nenhum idioma indígena, segundo ele.

Em todo o Alto Xingu a banana é desconhecida. Os bacairis mansos, que se acham separados dos companheiros de tribo selvagens, desde o começo do século, designam a fruta com o nome de banana mesmo e devem tê-lo aprendido com os brasileiros. Fiquei muito surpreendido pela circunstância de os bacairis do rio Xingu e as outras tribos daquela região nada saberem da banana e pelo fato de os habitantes do rio, com os quais nos encontramos, pertencerem às mais diferentes tribos, assim os bacairis são caribas, os custenaus nus, os manitsauás tupis, os suiás jês — entretanto nenhum representante dessas tribos de fato trouxe a fruta para aqui. Com isso cai por terra o primeiro alicerce em que se apoia Humboldt. A sua regra que diz que a fruta é encontrada em toda parte sofre com as nossas conclusões uma exceção inexplicável.

O que se segue depois subentende-se. É preciso examinar e investigar os nomes indígenas para ver se é possível obter uma elucidação sobre a maneira por que se propagou o consumo da banana através da variedade de sua geografia linguística. Se prescindirmos de certos nomes avulsos numa ou noutra tribo qualquer, encontramos quatro formas de vocábulos empregados na designação de banana, de uso bastante generalizado. São elas: 1) palatana, 2) paruru, 3) panale, 4) pakobá.

Estas quatro formas de palavras foram por mim assinaladas no mapa por sinais especiais. Procure-se acompanhar os fatos no mapa com alguma atenção e se começará logo a duvidar da hipótese estabelecida por Humboldt. Os caribas das Ilhas, os aruaques e os guajiros possuem a mesma expressão (!) O nome que usam os caribas também é encontrado entre as tribos Nu limítrofes. A palavra usada pelos tupis, que está espalhada até a região dos chiquitos e dos xavantes, não figura (!) entre os omáguas e cocamas, cujos dialetos são indubitavelmente tupis do distante Alto Amazonas. Aqui a forma 3.ª penetrou entre as tribos

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