procurar identificar "tarú" dos botocudos com "put" dos jês, o fenômeno me parecerá mais seguro, após termos reconhecido as relações entre "p e t" do que muitos sons que são articulados com muita nitidez, mas por puro acaso.
II — Outros exemplos: Os botocudos têm "cotéu" = homem, enquanto os jês têm "cupé" para pessoa. Provavelmente o "caratú" dos botocudos, para designar pedra, não é outra coisa senão "carapó", acha. Compare-se "mignan-pa" dessa tribo com o "ta" dos jês. "Mignan" = água, parece ser palavra originária dos coroados.
III — O "pi" dos jês para madeira encontra-se entre os botocudos como "ti-on" e na maioria "tchon". Assim "tion-cat" = canoa (crosta de árvore) dos botocudos é exatamente análogo ao "hicá" dos suiás ([Ver caracteres no original]), ao pi-crai dos caraós. (Os jês do norte dizem "hui").
O "tchon-peuk" = fogo, dos botocudos parece ser formado analogamente a "ku-wö, ku-jö e ku-sché" dos jês; apenas, estes empregariam um outro radical que é "ku", que tornamos a encontrar em "ku-té" por exemplo = arco dos apinajés, "ku-pera" = cacete, "kuba" = árvore, "kuba-rai" = canoa grande, dos xavantes. Esse radical poderia corresponder sobretudo ao "ko, ke" dos goitacás.
IV — Compare-se "tiako, cinis" com os vocábulos que significam terra "tika" da Série Xavantes e "peuca, pié" dos suiás.
V — É bastante notável o fenômeno das trocas das consoantes t e p, que se verificam nas palavras jês "ti" arco e "pi" = madeira e que reproduzo, para completar o conjunto.
[Ver quadro no original]
Na falta de quaisquer conhecimentos gramaticais, somos obrigados a fazer comparações léxicas dessa natureza. Por mais deficiente que seja o material comprovante aqui exposto, não se pode negar todavia o fato fundamental de que os jês e os botocudos tiveram uma mesma origem. O valor das analogias aqui referidas reside, antes de tudo, na circunstância de que elas pertencem todas, metodicamente, a palavras