CAPÍTULO XXIV

Considerações etnológicas finais

Tentei incluir os bacairis, os custenaus e os suiás em grupos semelhantes, restando ainda classificar mais exatamente os manitsauás e os jurunas.

Os manitsauás, horda que habita o norte das regiões xinguenses, e cuja aldeia não visitamos em nossa viagem, porque fica situada justamente num afluente do Xingu, mas de quem conhecemos alguns indivíduos que eram prisioneiros dos suiás, são, conforme prova o vocabulário, parentes dos jurunas. De acordo com os relatos dos missionários, os jurunas foram considerados um povo da tribo dos tupis e disso não se pode duvidar.

Por isso assinalei no mapa com a cor amarela os jurunas e os manitsauás assim como os apiacás, no Tapajós, representantes principais dos tupis-centrais, constituídos por Martius, e seus vizinhos, bem assim o povo forte e espartânico dos mundurucus, cujo parentesco com os tupis é somente uma hipótese provável. Dizemos isso não sem qualquer escrúpulo. É extraordinariamente lamentável que o tupi-guarani, a língua do leste do continente mais bem estudada na literatura riquíssima dedicada a esse idioma (ainda hoje muito falado), não tenha até agora encontrado um homem que a cultivasse de modo sistemático, cujo trabalho investigasse as relações mais estreitas que existem entre os dialetos tupis espalhados desde o litoral brasileiro até os Andes, desde o rio Amazonas até o La Plata. Isso seria tarefa para brasileiro, conhecedor da língua geral por próprio esforço; semelhante monografia, se aparecesse, viria a ser então a verdadeira base para todas as teorias sobre a emigração das tribos no centro da América do Sul.

Que os jurunas são parentes dos manitsauás do rio, de quem aqueles nada sabem, é fato especialmente notável, pois, por meio do manitsauá, assim obtemos um elemento intermediário entre as tribos pré-históricas do Alto Xingu e as tribos que habitam a parte baixa do rio. Estas últimas há perto de dois séculos entraram em relações superficiais com