os europeus. Acresce que os manitsauás, conforme se depreende do seu idioma, possuem cães. Será, portanto, de importância decisiva o problema da emigração tupi, saber se nas cabeceiras do Xingu, no Planalto Central, onde mais ou menos se encontra o ponto geográfico central da irradiação tupi, ainda existem tribos tupis. Admitindo que ali ainda elas existam, será necessário saber a quais dos dialetos tupis se aproximam principalmente os dessas tribos incólumes de qualquer civilização e que até hoje, através da sua linguagem, se colocam numa categoria próxima aos primeiros tupinambás, encontrados antigamente pelos descobridores. Já o fato da investigação do rio Coliseu e o seu imediato arrolamento, de acordo com o mapa feito pelo cacique suiá, de 12 ou 13 tribos ali residentes, constitui objeto de importância fundamental.
Não gostaria de examinar, por serem de 3.ª mão, os nomes de tribos que nos foram fornecidos pelo chefe suiá, sob o ponto de vista da sua ligação com os tupis, embora tenha suspeitas a respeito dos trumaís, que foram assinalados no meu mapa com a cor amarela, concluindo assim o quadro caleidoscópico. É que uma das três palavras, únicas colhidas através dos impacientes índios, foi um vocábulo legitimamente tupi: "meijú — beijú" ou também "mbeijú", que é o pão de mandioca.
Além disso faço ver ao leitor as palavras tupis que, apesar de estranhas, circulam entre as tribos do Alto Xingu e que são: paraná kuná, e "katú", cumprimento dos custenaus (V. pág. 213/214).
Mas se os trumaís e talvez outras tribos do Coliseu fossem realmente tupis, poder-se-ia, então, afirmar intrepidamente (nesse caso deveriam os vocábulos conter tesouros inteiramente imprevistos) que ainda hoje se deveria procurar ali informações para a questão da procedência dos tupis. Todas as antigas tradições indicam o litoral ao sul. Teriam, então, os povos tupis vindo do norte e ter-se-iam derramado para o interior por entre o Xingu e o Tapajós ou Madeira, depois de haverem penetrado na bacia amazônica, caminhando ao longo da costa? Terá parte deles descido o Planalto em direção inversa para o norte? As hipóteses não teriam fim. É no Coliseu que devemos procurar a solução.
Causará talvez surpresa e não injustificada o ter trabalhado as minhas considerações exclusivamente na base linguística. Mas diante disso poderia defender-me, afirmando que o resto dos conhecimentos de que se dispõe ainda é mais insuficiente que esses de base filológica.
Não é, entretanto, por causa da infinidade de idiomas ameríndios que lhes atribuímos tão grande importância? Segundo a natureza da