o k abrandado pelo y possui um timbre-u nítido, que soa ao ouvido como u breve, de modo que "[Ver caracteres no original]" só representa propriamente uma sílaba.
O r nasce perto da epiglote, mas ressente-se de qualquer vibração. Parece-se inteiramente com o r, intermediário do Reno, que rima, por exemplo, com o g pronunciado em Duesseldorf ("fahren: wagen").
Muito difícil e original é o som que designei por [Ver caractere no original]. Quase se torna impossível para nós imitá-lo. Não sei defini-lo de outra maneira a não ser que o coloque entre ri, respectivamente [Ver caracteres no original] e gl e julgar que nos aproximamos o máximo possível, se procurarmos articular [Ver caractere no original] e um l cerebral rapidamente um depois do outro.
Mas, na verdade, não se consegue a verdadeira articulação desse som, porque o mesmo é uno. O quanto pude observar a colocação da língua, eu pronunciaria o [Ver caractere no original] como um l gutural, por conseguinte não como o l dental ou cerebral em que só a ponta da língua encosta na abóbada palatina, mas onde a língua externa, quase pela metade, entra em ação, de modo que as duas aberturas laterais necessárias à formação do l se colocam na parte mais funda da boca. Ao encostar-se a língua no céu da boca produz-se um ruído característico, dando a impressão de um g que se esboça. Conforme se deduz do estudo comparativo dos dialetos caribas, o nosso [Ver caractere no original] corresponde ali a ri, re, li, mas não ouso distinguir e dizer se se trata de uma sílaba de dois sons. Em todo caso, chamo a atenção de que, nas minhas primeiras notas, tentei reproduzir esse nosso som, além de gl, também com ri e li.
Entre os macuxis, o som em apreço parece ter-se assimilado e, respectivamente, a sílaba por ele formada; veja-se, por exemplo, os ns. 14, 39, 21 e 10.
Considerado sob o ponto de vista genético, o [Ver caractere no original] parece ter-se originado de toda uma sílaba, pois tem sempre antes de si uma tônica. Quanto aos detalhes, damo-los mais abaixo no período intitulado "Acento tônico".
A linguagem bacairi possui dois sons de t, isto é, o t dental comum e o interdental que escrevo com [Ver caractere no original]. Este foi por mim bem definido nas palavras 12, 131, 142, 143.
O segundo som r, para o qual uso o sinal [Ver caractere no original] nos dá, também, algumas dificuldades. Distingue-se pelo fato da ponta da língua, ao articulá-lo, permanecer fixa na extremidade dos dentes inferiores. A vibração, que aí é muito fraca, produz-se por meio do resto da língua, que se liberta. O timbre desse som lembra o r brando dos portugueses ou o r intermediário dos ingleses, entre duas vogais, por exemplo: to-morrow.
ACENTO TÔNICO
O acento tônico vai para a penúltima sílaba. Quando a palavra termina por [Ver caractere no original], é sempre a última sílaba que recebe o acento, mesmo no caso em que na mesma palavra sem o sufixo [Ver caractere no original] se acentua a sílaba anterior. Daí se conclui que [Ver caractere no original] formou originariamente uma sílaba completa. Vejam-se exemplos entre os pronomes possessivos.
MODIFICAÇÕES FONÉTICAS
No estudo da filologia comparada da língua bacairi, bem assim dos idiomas caribas afins, verificaram-se algumas modificações fonéticas legítimas, que merecem alguma atenção, para se compreender como se justificam as analogias.
I — Quase não precisamos lembrar que o r e o l são frequentemente confundidos um pelo outro nos dialetos caribas.
II — São do mesmo modo compreensíveis a passagem do s para o h, e do s' para o h, que também existe na própria língua bacairi. Veja-se, entre outras coisas, os números 54, 140, 156, 189, 312 para s : h, para s' : h — [Ver caracteres no original], que se originou de oti + [Ver caracteres no original] — veja Pronomes.
III — É muito frequente a correspondência entre p e w.
Constituem exemplos da língua bacairi os ns. 4 e 5 do pronome possessivo.