ricas madeiras de uma vegetação luxuriosa. Apesar disso, a Província, nesse sentido, está bem mais atrasada que as outras, pois o seu larguíssimo planalto é coberto de exíguo mato silvestre e somente às margens dos rios é que se notam esplêndidas vegetações. Os descobridores generalizaram injustamente essas impressões locais. A planície ribeirinha se constitui, além disso, de campinas infinitas que, na época das chuvas, são cobertas pelas águas que extravasam dos rios.
Nas regiões da nascente do rio Guaporé e dos braços do Tapajós crescem o cacau, a baunilha, a borracha. No Alto Paraguai, principalmente próximo a Diamantino e São Luís de Cáceres, existe a planta característica da Província, denominada "poaia" ou ipecacuanha. Essa planta é a que mais rende. A expansão dos outros produtos se restringe extraordinariamente, por causa das dificuldades e perigos de transporte através das regiões habitadas pelos índios. No sul, distrito de Miranda, existem vastas florestas de mate, que tanto mais se valorizam pelo fato dos paraguaios e dos estados platinos fazerem largo uso dele, sendo obrigados, porém, a ir buscá-lo em paragens longínquas, dado o perigo que oferece a colheita do mate em seu próprio país com o regime de rapina que aí reina.
Na Chapada, próximo a Cuiabá, floresce um bom café, que, aliás, não chega para o consumo.
O fumo ainda é importado de Goiás e do Paraguai. A cultura do mesmo é insuficiente e primitiva. A cultura da mandioca, milho, arroz, feijão satisfaz as necessidades.
O açúcar é que merece maior atenção por parte dos habitantes. O alagamento dos campos pelos rios é de tal maneira providencial que lhes proporciona 30 a 40 anos de fertilidade. O dinheiro, porém, também aí faz falta. Há pouco tempo fundaram-se dois "engenhos", refinações com máquinas a vapor. Em geral, utilizam-se uns simples moinhos movidos pela força d'água ou de bois. O açúcar vai ao comércio em estado impuro, e sob o nome de rapadura, o que nada mais é do que a crosta dura que se deposita no fundo do vasilhame em que é fabricado. Nas refinações instaladas atualmente, obtém-se mais açúcar, mas, relativamente, muito menos cachaça.
Em toda parte se nota a falta de habitantes produtivos. Com a instalação de colônias militares, em maior escala, o Governo pensa dar mais vida, principalmente aos distritos da borracha e da erva-mate. Até agora só existem seis. Uma das maiores é a Colônia de São Lourenço. Em 1880 havia ali uma população de 157 almas (53 soldados, 49 mulheres, entre as quais 47 paraguaias, 11 colonos e 44 crianças). Plantavam-se