mandioca, milho, arroz e feijão para consumo, inclusive cana-de-açúcar. O que sobrava era levado ao mercado de Corumbá. O inconveniente dessa forma de colonização está na circunstância de o soldado não se interessar muito pelo trabalho, como o faria o colono civil, pois a cada momento espera ser transferido para outra região.
Em geral a criação de gado é considerada a maior capacidade produtiva de Mato Grosso, que foi introduzida aí em 1739. Os campos e as pastagens permitem esplêndido desenvolvimento aos animais, especialmente nas regiões próximas a Miranda e fonte do Jauru, fronteira da Bolívia. A maior área ocupada aí abrange 240 léguas quadradas e conta 600 mil cabeças. Foi útil atrair os índios para o trabalho, o que se conseguiu, principalmente, com os bororos e es parecis. A criação luta, entretanto, com uma grande dificuldade, que é a falta de cavalos e burros, com o auxílio dos quais são dominados os rebanhos. Aqueles animais são geralmente importados, de modo que custam caro. Certa peste que atacou o gado, cujos sintomas parecem ser os de mielomeningite aguda da medula espinhal inferior, fez fracassar todas as tentativas de domesticar os animais na própria Província. Assim, o gado se perde nas selvas, dando origem a numerosas questiúnculas entre os vizinhos.
Diante dessas condições não se poderá formar boa opinião do comércio de Mato Grosso. Exportam-se, em pequena escala, ouro, diamantes, drogas, bois, peles, ossos, chifres, contudo, em 1872, a exportação foi de 133.224 marcos, isto é, 1/15 da importação, que foi de 2.073.586 marcos. Não é de se supor que, dessa época para cá, a situação experimentasse modificação séria. Os negociantes mandam buscar as suas mercadorias no Rio ou Montevidéu, sendo que o comércio direto com a Europa é mínimo.
Após termos dado essa visão geral, vamos fazer uma explanação ligeira sobre as vias de transporte em projeto e as que já existem, depois do que passamos imediatamente ao nosso assunto.
A maior parte da Província de Mato Grosso é formada por extenso planalto. Sua colonização seguiu, entretanto, o curso da ramificação do Paraguai e espalhou-se pelas ubertosas terras baixas. Próximo dali, ergue-se um maciço de cantaria classicamente escalavrado, em forma de muralha, mais ou menos íngreme, como um castelo, que é o Planalto. Embora haja que contar com as inúmeras elevações do terreno e os vales, eles não seriam, por certo, obstáculos consideráveis para a construção de boas estradas. Atualmente, porém, não há nada disso, pois o que ali é estrada quase não serve de passagem a veículos, constituindo caminho apenas para bois ou mulas de carga. Os caminhos por onde se