Uma vez lá, aquela infinita longitude da metrópole, em plena natureza virgem, eles se manifestavam tal como os seus instintos egoístas mais fortes e indisciplinados os impeliam.
Não podiam respeitar a gente que consideravam bárbara, sem caráter humano, animal selvagem; indigna da consideração cristã, tão somente passível de escravidão.
Daí a luta que em breve surgia entre os colonos e os índios, que só nos missionários encontravam relativa condolência à sua condição e defesa à sua sorte.
Os Tamoio diziam ao Padre Nobrega em Iperoig: "Fomos primeiramente seus amigos. Deixamos de sê-lo pela deslealdade e traição da sua própria gente para conosco."
Narrou Simão de Vasconcellos "que os índios da América não eram tratados como verdadeiros homens. Que podia tomá-los para si qualquer que os houvesse e servir-se deles, da mesma maneira que de um camelo, de um boi ou de um cevado, feri-los, maltratá-los..."
Frei Bartolomé dá testemunho que os espanhóis chegaram a sustentar seus perros com a carne dos índios, que matavam e faziam em pedaços como a qualquer bicho do mato".
Diante de tamanha barbaridade cristã foi preciso que o Papa Paulo III se apressasse, pela bula Veritas ipsa, de nove de junho de 1537, em declarar que os índios da América eram homens, gente, e, como tal, senhores de seus bens, de sua vida e liberdade".
Entretanto, justiça seja feita aos sentimentos dos governos lusitanos. Não cessaram de insistir em fazer cumprir as severas leis provindas da munificência dos reis contra a escravização dos índios por civis ou religiosos.
E tal foi a sua severidade que deu lugar ao golpe contra os jesuítas, que, também, por fim, mantinham o