Mas, qualquer que tenha sido a intenção, há neste livro um dos mais legítimos quadros da vida dos filhos de São Francisco no Brasil. À semelhança de Bonifácio, Columbano e Patrício, abrindo clareiras nas densas florestas para aí assentarem cidades cristãs, conquistando, desta maneira, bênçãos para São Bento, Frei Serafim de Gorízia, fixando, nos confins de Minas Gerais, bem no centro de suas matas verdejantes, uma aldeia de índios que se foi transformando, ao calor de sua inexcedível solicitude, em próspera cidade, firmou para os capuchinhos os foros de tão bons colonizadores como os que melhores o foram. Causa emoção ver este sábio capuchinho, impressionante na sua autoridade moral e no seu porte majestoso, com toda a probabilidade descendente de velho tronco da nobreza austríaca, amigo pessoal de seu imperador, fechar tumularmente o seu passado e dedicar toda a bela existência, da plena força da maturidade às neves da ancianidade a que atingiu para morrer, à obra salutar, mas escondida, de trazer à civilização e ao conhecimento do cristianismo os silvícolas de uma então obscura região brasileira. Vale a pena de ser lembrado o fato de advogar esse frade estrangeiro, filho de uma brilhante civilização, junto ao Governo, a preferência de catequese dos selvagens sobre a imigração de colonos de outras nacionalidades. Vale a pena ser focalizado o fato de pôr em prática esse emérito colonizador a mistura de raças, estimulando, quanto esteve em suas possibilidades, o casamento de índios e civilizados, apressando assim, a assimilação dos nossos aborígenes. Vale a pena de ser salientada a orientação econômica desse religioso, amante da pobreza, que, sem descurar a formação religiosa a ponto de conseguir dos selvagens que estes cantassem, na gravidade do canto litúrgico, as cerimônias do culto divino; sem prejuízo da formação moral e cívica, sem se esquecer da instrução propriamente dita, chegando a aproveitar no