Nas selvas dos vales do Mucuri e do Rio Doce

mais pela maldade e imprudência de certos nacionais e portugueses, era causa de cruenta guerra entre as duas partes. Os índios matavam com suas terríveis flechas viajantes e animais carregados de mercadorias; roubavam tudo; em seguida, se retiravam para o centro das matas, onde se lhes deparava a segurança de inexpugnável fortaleza natural. À vista de tão lamentáveis acontecimentos, viu-se o Governo obrigado a estabelecer alguns postos militares ao longo da estrada; esta providência não deu resultado algum, pois, quando os soldados acudiam ao ponto em que se davam os cruéis assaltos dos silvícolas, estes, consumado o ato, já se haviam metido pelas suas conhecidas brenhas, onde, sem receio, zombavam de tudo e de todos. As praças davam tiros a esmo, pela estrada em fora, para espantar, e voltavam aos quartéis, aguardando novo e inútil apelo.

"Com esse tão prejudicial modo de viver, os Pojixá se tornaram o terror dos passageiros daquela estrada. Para ir a Santa Clara, já não se viajava de dia: em certos pontos mais arriscados, aproveitava-se do escuro da noite, pois, nessas horas, os selvagens se abstinham de atacar os viandantes".

E as palavras de Frei Angelo não são em nada exageradas. Os Pojixá eram, na verdade, o terror do vale do Mucuri e anulavam, com suas emboscadas, os benefícios da estrada aberta à custa de ingentes sacrifícios pelo benemérito Otoni, entravando, assim, o progresso e a civilização daquela zona.

Os índios preparavam e executavam as emboscadas de forma inteligente sem que pudesse por esse modo escapar sequer um animal ou uma pessoa, logo que fosse avistado por entre a brecha. "De dez em dez braças, pouco mais ou menos, ao longo da estrada, estavam estabelecidas as tocaias,

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