Viagem ao Brasil nos anos de 1815 a 1817

Esse êxito invulgar, que devemos à simpatia com que o público nos acolheu a iniciativa e ao apoio franco e generoso que nos trouxeram os aplausos de uns e a colaboração valiosa de outros, nos animou a alargar o plano primitivo, criando na série Brasiliana uma seção especial de obras em grande formato. A experiência nos havia mostrado a inconveniência de publicar, no formato pequeno dos livros dessa coletânea, certas obras que, pelo número e pela importância das gravuras, seriam sacrificadas em volume de menores dimensões. As gravuras, reduzidas em tamanho para reprodução em páginas dos volumes comuns, perderiam sem dúvida, com a nitidez, parte de seu interesse pitoresco ou de seu valor documentário. Daí a resolução que tomamos de publicar em volumes de formato maior essas obras que exigem, pela sua natureza, melhor apresentação material, difícil e, em certos casos, impossível de se obter em volumes de proporções reduzidas. Essa iniciativa representa, pois, mais um esforço para corresponder à confiança do público e facilitar a incorporação, na série Brasiliana, de obras do maior alcance e interesse que dela ficariam excluídas por uma dificuldade de ordem puramente material, fácil de ser removida, sem quebrar a unidade orgânica de concepção e de plano dessa coleção.

Inauguramos a série Brasiliana (formato grande) com a edição brasileira da notável obra Viagem ao Brasil, por Maximiliano, Príncipe de Wied von Neuwied, já vertida para o inglês e o francês. A quem já teve contato com essa obra de primeira ordem, pela leitura do original alemão ou de qualquer das traduções, francesa ou inglesa, não poderá passar despercebido o interesse particular que representa, para os estudos sobre o Brasil, a divulgação, em língua vernácula, desse volume geralmente tão pouco conhecido. A tradução feita sobre a edição francesa e cuidadosamente revista de acordo com o original alemão, as anotações lançadas ao pé da página ou no fim dos capítulos por um dos nossos maiores especialistas em zoologia, e a nitidez das primorosas ilustrações do texto, mostram à evidência o empenho que pusemos não somente em conservar, na edição brasileira, todo o interesse do original, mas em atualizar e enriquecer o texto primitivo de comentários seguros e oportunos. A nova série da coleção não podia, pois, iniciar-se melhor e estamos certos de que o público brasileiro lhe dispensará o mesmo acolhimento com que consagrou definitivamente a iniciativa da Brasiliana, animando-nos a novos empreendimentos em favor da cultura nacional.