para delas nos afastarmos, em direção oeste; o que nos levou para as correntes marinhas que nos fizeram progredir em direção da costa da América.
Na manhã de 27 de junho, durante o almoço, anunciou-se terra. Todos acorreram ao tombadilho para contemplar a costa do Brasil, que emergia do seio do oceano. Surgiram logo, na superfície das ondas, duas espécies de sargaços (Fucus) e numerosos indícios de terra próxima; cruzamos, enfim, com uma embarcação de pescadores, carregando três homens; chamam a essas embarcaçães "jangadas"; são feitas de cinco a seis pedaços de uma madeira leve que no Brasil se denomina "pau de jangada". Koster nos deu uma estampa da jangada em sua viagem ao Brasil(14) Nota do Tradutor. Essas jangadas navegam com grande segurança no mar; são empregadas na pesca ou no transporte de diferentes coisas ao longo do litoral; andam muito depressa, impelidas por uma grande vela latina, presa a um mastro curto. Teríamos com prazer aproveitado a ocasião, após uma longa travessia, de conseguir peixe fresco, mas não valia a pena, para satisfazer esse desejo, correr atrás dos pescadores. Fizemos rumo para a costa; aproximamo-nos dela o bastante para, ao meio-dia, reconhecer que estávamos próximos de Goiana ou Paraíba do Norte, na capitania de Pernambuco. Tão perto da terra, como estávamos, a força do vento teria podido, durante a noite, nos fazer adiar sério perigo: felizmente, pudemos virar de bordo a tempo, e voltar ao largo. À noite, caiu chuva torrencial acompanhada de vento, que nos forçou a bordejar durante alguns dias, quase sem mudar de posição. O vento soprava furiosamente; o navio jogava com violência. A chuva não cessava; quase não nos achávamos em segurança em nossos leitos. Os marinheiros eram os que mais sofriam com a umidade; o perigo que corríamos os obrigava a estarem dia e noite no passadiço; o "rhum" a custo mantinha-lhes a coragem e a boa vontade. O aspecto do mar, nas noites escuras, tempestuosas e chuvosas, era assustador; as vagas barulhentas, alteando-se, vinham bater de encontro ao navio; a imensa superfície das águas parecia em fogo; milhares de pontos luminosos, faixas e largos traços de luz brilhavam de todos os lados, variando de forma e posição a todo instante(15) Nota do Tradutor. Essa luz semelha muito a que se produz na madeira apodrecida quando molhada; é um fenômeno observado frequentemente nas florestas. Durante essas