Viagem ao Brasil nos anos de 1815 a 1817

carvalho, e infelizmente foi logo perfurado por vermes. (555)Nota do Autor Remediei sofrivelmente esse inconveniente, mandando besuntar o barril com uma boa camada de alcatrão, e passando por cima deste um invólucro de lona; tinha na parte superior um grosso batoque que, rodeado de pano, se adaptava perfeitamente à abertura; esta era tão larga que se podia introduzir a mão até o fundo do barril. Estava cheio de aguardente muito forte e continha vários répteis; antes de mergulhá-los, fazia envolvê-los em algodão. Para pendurá-lo na cangalha do burro, enfaixaram-no em correias de couro, formando em cada ponta uma presilha. É bom notar que toda vez que se pode, deve-se tratar de ficar livre da coleção de anfíbios, enviando-a para o seu lugar de destino, o que apresenta quase sempre grandes dificuldades. Viajando-se ao longo da costa, tem-se a vantagem de encontrar embarcações, que podem ser aproveitadas, para levar os objetos colecionados, para um ponto escolhido como depósito comum. No interior, essas ocasiões de expedição são mais raras, motivo pelo qual é forçoso adquirir cargueiros em número bastante para transportar todo o material recolhido; precisa-se, ainda, renovar várias vezes a aguardente, o que custa muito caro. Dos répteis só se podem empalhar alguns lagartos e algumas tartarugas; e, ainda assim, é preciso proceder com muita precaução, pois, do contrário, facilmente resultam erros e falsas descrições nas classificações de história natural.

Para se fabricarem no Brasil bons barris, deve-se empregar madeira de vinhático; mas não é fácil encontrar um hábil toneleiro. O naturalista deve descrever sempre os répteis logo depois de mortos, porque, nos climas quentes, a aguardente altera as cores desses animais com uma rapidez incrível.

Pode-se aplicar em geral aos peixes os conselhos precedentes; são, na maioria, muito grandes para poderem ser postos em aguardente; o colecionador tem que se limitar a enchê-los de algodão; as cores, porém, não se conservam. Não se pode empregar o sabão de arsênico para os peixes e os répteis; substituímo-lo vantajosamente por tabaco em pó.

Quando se deseja colecionar insetos é preciso fazer uma grande provisão de alfinetes que não devem, porém, ser de aço, para que a ferrugem não os destrua em pouco tempo. Pode-se usar pita em lugar de cortiça. Os insetos, logo depois de espetados, são prontamente mortos ao calor da chama; enchem-se de algodão as aranhas grandes, processo este que se aplica também às grandes borboletas; estas, porém, exigem mais cuidado e habilidade. Os insetos mortos há pouco tempo ou mesmo os que já foram secados, são sujeitos, no Brasil, a serem atacados por uma porção incontável de pequeninas formigas, que os devoram rapidamente; chegam mesmo a penetrar