adiantado, com os respectivos juros. Pesa-me dizer que tais escravos, às vezes, quando velhos e incapazes de trabalhar, são alforriados e, assim, entregues ao desamparo.
Afora este caso, todavia raro, para honra dos brasileiros, goza o escravo, despreocupadamente, entre o trabalho e o descanso, de uma sorte, que é preferível, sob muitos pontos de vista, ao estado de inquietação anárquica e indigência, em que vive na sua pátria, aviltada pelos perversos artifícios dos europeus.
Aqui ele goza a vida e, em geral, não é a escravidão que lhe tortura a alma, mas a separação dos parentes e o tratamento desumano, durante o transporte, horrores aos quais infelizmente sucumbe grande número destas infelizes vítimas.
Opinião injusta sobre a escravidão no Brasil
Quem tiver ocasião de observar as modinhas e danças alegres, que são executadas, ao pôr do sol, nas ruas da Bahia por grandes grupos de negros, elevando-se, muitas vezes, a um entusiasmo selvagem, pode dificilmente se convencer que sejam estes os mesmos, que se julgava, segundo as descrições exageradas de escritores filantropos, rebaixados à animalidade, instrumentos estúpidos do mais vil egoísmo e de todas as paixões vergonhosas.
Ao contrário, depois de conhecermos, exatamente, as condições dos escravos na América, convencemo-nos de que também nesse caminho, manchado pelo sangue de inúmeras vítimas, encontram-se os vestígios daquele gênio que conduz a humanidade ao empobrecimento.
Muitos escravos reconhecem o valor do aperfeiçoamento moral, que lhes pode advir da luz do cristianismo.