Através da Bahia – excertos da obra Reise in Brasilien

governadores das diferentes províncias, por onde devíamos passar.

Essas cartas ali encontramos. Entre elas, porém, não se achava nenhuma para o Pará, em razão, segundo nos explicou o Sr. Barão von Neveu, de ter recentemente aparecido um édito real, fechando aos estrangeiros as províncias das fronteiras: Pará, Rio Negro, Mato Grosso e Rio Grande do Sul e de não haver ele pedido para nós uma recomendação para o Pará.

Esta notícia devia, consideravelmente, alterar o nosso plano de viagem, traçado depois de termos atravessado a fronteira de Goiás.

Convencidos, como estamos, do interesse que nos devia despertar a navegação pelo Rio Tocantins até o Pará, desejávamos viajar da Bahia, através da província do mesmo nome, até o Rio São Francisco e atravessá-lo perto da Vila do Rio Grande, para penetrarmos nos distritos do Rio Preto, pelo Duro, ponto de entrada de Goiás até Natividade e Porto Real, onde devíamos embarcar no Tocantins para o Pará.

Como este plano não poderia ser executado sem a permissão e recomendação do governo luso-brasileiro resolvemos aproximamo-nos, quanto possível, da meta desejada da nossa viagem por via terrestre e aguardar, no Maranhão, a licença de viajar pela Província de Pará.

Numa petição feita ao ministro de S. Majestade Fidelíssima, que entregamos aos cuidados do nosso venerando e ilustrado amigo, Sr. Barão von Neveu, fundamnentamos o desejo de estender nossa viagem até o Pará, pela importância científica de uma comparação do país, feita desde o Trópico de Câncer até o Equador, e pelo fato de termos neste intuito empreendido a presente viagem.