Através da Bahia – excertos da obra Reise in Brasilien

O lenho jamais fica sem seiva durante a queda das folhas, somente perde a flexibilidade nos ramos e galhos, que morrem por completo, e segrega continuadamente substâncias gomosas, resinosas e outras semelhantes, prova de que a vida da raiz e do tronco, sujeita a uma fraca periodicidade, é independente até certo ponto da elaboração da seiva vegetal nas folhas, o que se dá sempre depois de certos períodos cósmicos.

O rebentar das folhas depois da chuva se dá num espaço de tempo muito curto, quase como por encanto.



Caatinga

Convencemo-nos, muitas vezes, desta singularidade da vegetação da caatinga, encontrando no meio do sertão queimado, onde todas as plantas estavam sem folhas, trechos de florestas e prados que pompeavam o mais belo verde primaveril.

Tais regiões, segundo nos informaram, haviam recebido chuva parcial e assim se anteciparam aos distritos vizinhos no desabrolhar dos botões.

A marcha do desenvolvimento dos botões, que em nosso clima exige algumas semanas, completa-se em um a dois dias e o lenho dos novos brotos repousa inteiramente durante muitos meses, até que os botões se abram.

Parece que essa particularidade dos vegetais da caatinga depende também da organização das folhas, que são, mais do que em qualquer outra região, guarnecidas por espesso revestimento de pelos brancos ou por um tecido relativamente mais delgado e seco.

A estrutura das raízes e dos caules é, talvez, mais apropriada às condições do solo, do que nos ensinaram as observações anteriores.