Através da Bahia – excertos da obra Reise in Brasilien

Vila Nova da Rainha

Um longo dia de marcha nos conduziu através de um terreno queimado, ao primeiro termo da nossa difícil e perigosa viagem — Vila Nova da Rainha.

Os animais todos se recusaram, sucessivamente, a trabalhar neste último dia, de modo que fomos obrigados a levantar constantemente os que se deitavam, aliviar os pisados e fazer voltar à estrada os que, por fome, se desviavam para o mato, com o fim de procurar folhas verdes.

Podíamos, entretanto, nos considerar felizes, pois tínhamos atingido onde esperávamos encontrar, com a nossa tropa, alimentação e conforto.

Estas esperanças não se realizaram.

Vila Nova da Rainha, chamada Jacobina Nova, foi sempre uma aldeia pobre, cuja prosperidade depende do comércio entre a Bahia e a Província do Piauí. Achava-se, pela absoluta falta de chuvas, num estado de consternação, num abatimento e calamidade, de que até então não podíamos fazer ideia.

Vimos grandes plantações de feijão, milho e mandioca todas queimadas pelo sol violento, como entre nós acontece pela ação extemporânea da friagem.

Campos, estorricados pela grande seca, haviam ficado sem plantação desde alguns anos, deixando ver fileiras de troncos sem folhas e sem vida.

Nada podia mais concorrer para diminuir as esperanças exageradas de muitos imigrantes europeus irrefletidos, do que o aspecto de uma vegetação assim assolada.