Gente sem raça

peleja, José Bonifácio declinou da honra pelos riscos que acarretava.

A par das disposições do pai e de seu poderio, prevendo a que extremos iria o Reino para reter a mais preciosa gema de seu diadema, a pique de escapar-lhe - foi que Pedro I se prestou ao papel dúplice, em que seus inexoráveis inimigos indigitam manobras da traição à causa do Brasil. É, entretanto, curial que, se ele pretendesse custodiar o Brasil para a Coroa, poderia contemporizar; mas não insuflaria, ao mesmo tempo, os partidários da independência para que advogassem junto às representações das províncias sua permanência, pois açulando o movimento, só poderia criar obstáculos aos desígnios ocultos, que, porventura, afagasse. De sua dubiedade transparece, ao contrário do que a maledicência lobriga, a prudência do estadista arguto, que procurava dissipar as suspeitas das Cortes sobre sua lealdade, para proporcionar aos libertadores indígenas a trégua com que puderam se organizar, eficientemente, contra o esclavagismo reinol. A atitude do Príncipe inspirou, entretanto, à vesânia antibragantina de Manoel Bomfim, estas palavras mordentes:

"Com a partida de D. João VI, fechou-se o primeiro ato da farça, que veio ser a Independência do Brasil, registrando, o mais interessado no embuste, um excelente resultado: achou-se senhor do país, livre para arranjar uma independência em que se garantisse. Reconheçamos, porém, que a situapão ainda lhe era muito difícil, porque, agora, tudo dependia, de embair os brasileiros, captando-lhes a confiança, para que o aceitassem e lhe dessem o Brasil. Desde o começo ele apareceu ligado à soldadesca, ao mesmo tempo, constitucionalista, voltada às Cortes, inimigas do Brasil, e turbulenta. Ora, bastava isto para indispô-lo com os patriotas brasileiros,

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