Gente sem raça

até o afastamento da divisão auxiliadora que, na sua fanfarronice brutal e soez, irritava e amesquinhava os nacionais. Eram estes soldados os representantes diretos e ostensivos das pretensões das Cortes, que tão estupidamente ameaçavam o Brasil de redomínio. Isto, mais do que tudo, tornava a soldadesca lusitana insuportável aos brasileiros. O Príncipe bem o compreendeu, e não hesitou em optar contra ela, isto é, contra as Cortes. O verdadeiro e concreto inimigo das Cortes eram os Braganças, principalmente, D. Pedro, cuja mocidade se traduzia forçosamente em rebeldia contra quem vinha podar-lhe os poderes. Por isso mesmo, a sua roda, desde o tempo do conde dos Arcos, forçava a nota, apontando as Cortes como intransigentes inimigos do Brasil, empenhadas em recolonizá-lo. Nada mais natural, por conseguinte, do que a confiança com que o ingênuo Brasil se entregava a um defensor graduado".(15) Nota do Autor

Quanto veneno em tão curto espaço!

Afastando a divisão auxiliadora, "que, na sua fanfarronice brutal e soez, irritava e amesquinhava os nacionais" — não praticou D. Pedro ato de leal solidariedade aos agravados, mas de hostilidade às Cortes... Convencendo os brasileiros de que as Cortes "que tão estupidamente ameaçavam o Brasil de redomínio", eram seus "intransigentes inimigos", não visava D. Pedro servir à causa do Brasil, proclamando verdade que seu próprio acusador reconhece, mas açular os nacionais contra elas, porque ameaçavam "podar-lhe os poderes"!...

A Constituinte não representava qualquer perigo para D. Pedro. "Vindos de todas as correntes políticas — desde Silva Lisboa até Martiniano de Alencar e Custódio Dias — diz Bomfim —, "os deputados timbraram

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