com o seu produto, e permanece confiante no poder de suas riquezas naturais, até que esse poder tenha praticamente desaparecido.
Somente em fins do século XIX o país começou a perceber que o verdadeiro senhor da sua história econômica era o preço mundial de seus principais produtos, e que o sistema de produção extensiva dos principais produtos brasileiros era uma bola de borracha no mercado mundial.
A economia brasileira antes do século XX sempre tinha sido passiva, aceitando imediatamente a cotação mundial de um produto como definitiva e não sujeita a mudanças. Considerando os preços do mercado mundial do momento como sendo imutáveis, o Brasil não soube avaliar a sua força dinâmica. Ajustou-se a um mercado estático, preços estáticos, economia mundial estática, o que na realidade não existe.
Os preços mundiais não consideram as condições de um país só. Esse monstro invisível e abstrato — o mercado mundial — está repleto de mais motivos econômicos do que o homo oeconomicus dos clássicos. O consumo reflete sensivelmente os movimentos de preço e nenhuma competição é mais forte do que essa sobre os principais produtos.
Os produtos intracontinentais lutam numa guerra desapiedada. Países, cidades, indústrias, famílias e indivíduos sofrem sob a mesma. Nenhum país teve de suportar mais essa guerra do que o Brasil. O caso da indústria da borracha é o exemplo mais drástico. Perdendo a supremacia em um produto, o Brasil apressou-se em ganhá-la em outro. O caráter monocultor da economia brasileira tornou o país escravo dos preços mundiais. Os preços dos produtos têm enchido os governos brasileiros de aborrecimentos.