O preço mundial do café determina hoje a posição financeira do país — tanto da União como de diversos Estados — como sempre aconteceu com outros artigos de consumo.
A famosa política da defesa pode ser considerada como uma tentativa brasileira de transformar a capitulação passiva ao mercado mundial em uma entrada ativa no mesmo, com o secreto desejo de dominá-lo, de lhe ditar a sua própria vontade e os seus próprios preços. A defesa do açúcar e da borracha foram apenas escaramuças. A defesa do café foi uma batalha gigantesca. Ela foi incentivada pelo precedente das regulamentações internas da indústria do açúcar, em virtude da convenção de Bruxelas, e pelo sucesso temporário do plano Stevenson sobre a borracha.
Economicamente, a defesa tem o mesmo objetivo e propósitos de qualquer supercorporação moderna, lutando por um monopólio mundial, como, por exemplo, a Standard Oil Co., ou a United Fruit Co., embora sem a sua técnica comercial. Não é a política de uma cooperativa de produtores, mas uma tentativa de enquadrar a economia em um plano, em uma determinada esfera, levado a efeito com o amparo do governo.
O resultado foi um fracasso. O sistema de defesa não elevou ou estabilizou o preço mundial. O Brasil "defendeu" ou "valorizou" por saldo os produtores estrangeiros, como fez a Inglaterra com relação ao Plano Stevenson, mantendo aberto um guarda-chuva para todo o mundo, à sua própria custa. A defesa deu lugar ao Mitläufer e prejudicou a selecção natural e o progresso técnico, estimulando, ao mesmo tempo, uma extensa expansão do país dentro de si mesmo em virtude do aumento da área das plantações.
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