A vida de Paulo Eiró, seguida de uma coletânea inédita de suas poesias

As numerosas filhas do casal, pouco letradas caipirinhas de Santo Amaro, no tempo em que São Paulo era ainda uma rançosa província, deixaram fama de lindeza e inteligência, tendo algumas delas "casado com doutor", o que representava uma aspiração feminina do tempo. As moças do sobrado podem ser assim lembradas:

Maria do Carmo, casada, ali por 1830, com o "cadete de Mato Grosso" João Guedes Homem Portilho, filho do tenente-coronel Portilho, nascido em Lisboa. No assentamento João Guedes figura como "ajudante", e chegou a ser mais tarde comandante do Corpo de Permanentes; Maria Antonia, casada com José Antonio Leme da Guerra, natural desta Capital; Maria Joaquina, esposa de José Ferraz de Campos, que acompanhou o marido para Campinas; Antonia Mariana Branca, casada em 1817, com João Franco Ribeiro. Essa senhora, apesar de pouco enfronhada nos mistérios da leitura e da escrita como era regra no seu tempo, fazia versos e versos humorísticos, alguns dos quais andaram repetidos pelos salões de Santo Amaro, entre fungadelas de rapé e sorrisos perdidos em ramalhudos lenços de Alcobaça.

Mas no sobrado ainda viveram outras Marias:

Maria das Dores, a discreta Nhandores, casada com o dr. Firmino José Maria Xavier, que foi residir em Santos; Anna Luiza, nhá Anninha, casada, em 1829, com o capitão Francisco de Assis Pinheiro e Prado. Esse velho paulista, esmoler da Santa Casa de Misericórdia, era uma figura particularmente simpática. Sanguíneo, de barbas e cabelos alvíssimos, passava horas inteiras jogando a bisca-de-nove com a esposa. Os tentos eram de olhos-de-cabra. Conta-se que uma vez, depois de perder trabalhosa partida, ficou de mau humor. A esposa, então, pintou-o com uma simples frase:

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